21.9.06

cartograma#41

O fluxo de vento, ventania. O fluxo dos encouraçados cruzando a Baía. O fluxo das marés, o fluxo nas ondas da maresia. O fluxo de carros e fedores na Linha Vermelha. O fluxo da miséria. O fluxo das gentes, dos coletivos, de carros cortando o mapa das avenidas do Aterro. O Aterro: fluxo da terra do Centro. O Centro é fluxo. O fluxo dos pássaros no fluxo dos odores da primavera. O fluxo dos cânticos. O fluxo dos micos no fluxo da seiva da mangueira. O fluxo das mangas no fluxo do vento. O fluxo dos cães e dos gatos atrás do fluxo das mangas. O fluxo de Lúcio e nosso fluxo por Lúcio. O fluxo em trânsito das vozes vizinhas, o fluxo de gente nas escadas de mármore. Os fluxo dos daqui cruzando com o fluxo das visitas. O fluxo das festas. O fluxo da comida na cozinha e o fluxo da louça na pia. O fluxo de Andrezza. O fluxo das plantas quebrando as linhas retas das janelas, o fluxo das flores e pendões no fluxo dos dias, fluxos de água e luz. A luz, onda, fluxo. À noite, derivas, fluxos. O fluxo da grana. O fluxo das contas. O fluxo da cerveja da fábrica à latrina. O fluxo da fumaça. A metástase: o fluxo do câncer. O fluxo da onda. O fluxo do esperma. Porra, fluxo de vida. O fluxo da neurose e o fluxo das datas no calendário. O fluxo das imagens e o fluxo das palavras. Fluxos e fluxos de sensações e o fluxo da escrita. Fluxos de afetos. Fluxo das pessoas no fluxo das amizades e amores. O fluxo das memórias e esquecimentos. Fluxos de perdas e ganhos cortando o fluxo das utopias. Fluxos e fluxos de sonhos cortando o fluxo do sono. O fluxo dos aviões cruzando céus em Paris, o fluxo da juventude nos canais de Amsterdam. Fluxos de saliva e lágrimas. Fluxos sangüíneos. Impulsos elétricos: fluxos. A matéria, vida e morte, fluxo de fluxos. A urgência: aceleração dos fluxos.

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