6.10.07

cartograma#93 - 9 temas (ou) tema de casa

1. introdução: para uma política do presente – para produzir no presente, construir nossos territórios de discernimento no presente; saber de suas condições de uso, de suas regras, de suas distribuições de espaço, tempo, grana, sarro; saber das suas distribuições de afeto e pensamento; saber da economia dos corpos. para produzir a anarquia no presente, saber também das suas esfinges. o primeiro eixo temático trata de uma introdução ao tema do anarquismo no presente, bem como de uma análise da geopolítica contemporânea, focando principalmente os aparelhos de captura do capital globalizado, suas ligações com a função-Estado e as novas formas de produção econômica.

2. para uma estória do movimento anarquista – contribuições dos clássicos à anarquia no presente, assim como análise das condições de emergência de um movimento anarquista na história. acertos e erros à luz da atualidade; ecos aos que triunfaram, flores aos que falharam. entre os cânones e os marginais, o trajeto destas idéias oblíquas que apontam estória geral das anarquias.

3. zonas autônomas temporárias: políticas da deserção – opor a deserção ao engajamento; ou, pelo menos, propor a deserção como engajamento específico. esvaziar os espaços do Poder, trazendo ao cotidiano a questão da autonomia temporária em quaisquer dos âmbitos onde possa ser exercida. a revolta e o levante substituem a revolução como horizonte sem foco. a iminência parda de Hakim Bey apresenta novas modalidades para o tráfico libertário de informações e afetos, pirataria política.

4. terrorismo poético e outros crimes exemplares: fábulas e situações – ainda Hakim Bey, ecoando as derivas e psicogeografias situacionistas, apresenta novas modalidades de intervenção contra a mesmice da existência. nos manifestos e panfletos de seu anarquismo ontológico, o fabuloso mundo das disciplinas e da moralidade sã, seja ela de direita ou de esquerda, é motivo de escárnio e riso; o cotidiano rotineiro será sua vítima.

5. materialismo hedonista: políticas do prazer – o uso do corpo e dos sentidos, principal ferramenta na revolução do hedonista. se Michel Serres nos mostra a importância da pele, o mais profundo de nós mesmos, Michel Onfray a desdobra em ferramenta libertária quando revela uma instigante galeria hedonista margeando a história oficial da filosofia. nesta galeria, saber, poder e prazer não podem ser entendidos separadamente.

6. anarquismo somático: políticas da paixão – dentre os poucos que conseguiram a façanha da expulsão tanto da sociedade psicanalítica quanto do partido comunista, Reich aparece como um pensador libertário. atualizado por Roberto Freire, em cruzamentos com a psicologia da gestalt, a antipsiquiatria e a capoeira angola, as idéias reichianas apontam para uma anarquia ligada às energias vitais que percorrem cada corpo singular em seu presente, trazendo o amor e o orgasmo como principais dinamizadores políticos.

7. escultura de si: políticas do corpo – tomar o cuidado de si como escultura de si, produção de um corpo preocupado não somente com a funcionalidade da carne, mas também com a existência como o encadear de instantes sublimes. Michel Onfray retoma a figura do Condottiere para falar da moral estética, da existência como obra de arte que transfigura a vida em cada instante com suas provas de abundância e seus desejos de eternidade.

8. o único e sua propriedade: políticas da solidão – contra as massas e seu caráter unificador, Max Stirner elegeu o único, solitário em sua potência, radical em seus princípios. considerado precursor do pensamento de Nietzsche, a quem acusam de tê-lo plagiado, Stirner é um anarco-individualista que leva ao extremo a alternativa filosófica do egoísmo. autor de um único livro arrasado por Marx em 300 de suas páginas, Stirner foi relegado à margem da história. não existem fotos suas; anarquia explosiva de um infame.

9. celebração do gás lacrimogênio: desobediências e rebeldias – a lei, o direito, os direitos, todo o sistema burocrático e parasita, seus aparatos materiais e ideológicos; a grana, o a-mais, a extorsão sempre renovada na avidez da burguesia; tudo aquilo cujo principal objetivo sempre será tanto a eficácia produtiva quanto a docilidade política. desobedecer, rebelar, romper os limites do agradável; o uso da agressividade e da violência dentro do sistema.

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