( a caminho de casa )
- E se a terra começasse a tremer agora?
- Hm.
- Quê farias?
- Se a terra começasse a tremer agora?
- Sim.
- Terremoto?
- Sim.
- Não sei... dizem que temos que correr para o lugar mais descampado.
- Aqui na cidade? Só tem a praia...
- Ia pra beira do mar, então. É uma hipótese. E tu?
- Eu acho que gostaria de trepar até tudo se acabar.
- Ah, Mone...
- Sério. Eu não ia sair correndo pela cidade. Se tudo é pra se acabar,
então que seja... Fodia gostoso até tudo se acabar, até tudo cair por
- (...)
- Poderia ser a última trepada.
- E se a gente não estivesse junto?
- Não tem graça trepar com a mesma pessoa a vida toda. É como
conversar... chega uma hora em que a conversa fica sempre na mesma,
ou gira sobre os mesmos assuntos. Por mim, se eu fosse morrer agora,
trepava com o primeiro cara charmoso que aparecesse,
ou até nem tão charmoso assim.
Não perderia a certeza da minha última trepada
pela possibilidade de trepar contigo.
- Sinceridade.
- Te mentiria por quê? Teu pau é bom, mas não é de ouro.
- Então tu arriscarias de não salvar tua vida por uma boa trepada.
- É de longe a melhor parte da vida. Vale a pena.
- Posso generalizar para qualquer catástrofe natural, então?
- Sim. Foderia em qualquer caso de catástrofe química e natural.
- Não deixa de ser uma filosofia.
- Toda filosofia é um consolo.
- Sexo é um consolo?
- Pode ser.
- Quando?
- Quando vira filosofia.
- Mas a questão era outra...
- Qual?
- E no meio de um tiroteio, bem agora, o que farias?
- Eu já estive em tiroteio.
- Uma bala perdida é sorte ou azar?
- A bala? É a ocasião do tiro.
- E o que define a ocasião do tiro?
- Difícil resumir.
- Mas o quê tu faria?
- (...)
- Eu atiraria também.
- Ah, fala sério!
- Eu tô falando sério... estás rindo de medo.
- Medo do medo do tremor do tiro.
- Ah, Mone...
- Eu só vou pro tiroteio armada.
- Viraste guerrilheira?
- Sempre fui feminista.
- Feminista...
- Morrer trepando compensa. É melhor que morrer de tiro.
- É melhor que morrer dormindo?
- Sempre é.
- Morrer dormindo compensa?
- Aí já depende do sonho.
- E se sonhares comigo?
- Aí é que eu não durmo mais...
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