16.7.06

cartograma#23

Dois olhos arregalados, nariz, duas narinas, bigode, bochechas, barba por fazer, a boca entreaberta, o rosto, a face. A cabeça careca, a nuca, duas orelhas limpas; o crânio, a Cabeça e o pescoço. O pomo de Adão. Ombros, dois, os braços, cotovelos, antebraços, mãos, dedos, dez; falanges, falanginhas, unhas. As palmas, duas. Dois sovacos, dois mamilos, um deles perfurado. Os pêlos, o peito, abdômen, barriga, umbigo, os pêlos. As clavículas, duas, a coluna vertebral toda dobrada sob o estrado da cama sobre o carpete com cheiro de pinho-sol. A bunda, os pêlos, o cu, os pêlos. O pênis, porra, escroto saco e pentelhos. As coxas, os pêlos, joelhos, canelas; os tornozelos, dois. Os pés, os dedos, dez, falanges, falanginhas, as unhas, dez. A planta. O corpo, a questão. O corpo maciço, sem órgãos, duro, gelado. Aparentando trinta e cinco anos, magro, branco. Preparo o equipamento de incisão. Luvas. Corto cuidadosamente uma das transversais das costelas, do pescoço ao abdômen, lado direito. A caixa torácica aberta em fatia. Pus. Amálgama. O corpo é maciço, gorduroso e não tem órgãos, está duro e gelado. Verte. Branco. Lanterna, luz. Viro o corpo de bruços, abre as nádegas e enfio meu dedo indicador no cu. Procuro. Nada. Viro novamente o corpo de costas para o chão, abro a boca, a língua roxa, os dentes, trinta e dois pretos, gengivas brancas. Enfio o dedo indicador na goela. Procuro. Nada. Só o plasma branco. Toda a caixa do corpo. Numeração. Transporte.

Nenhum comentário: