Olho....pálpebra. Olho turvo.
o frio. o corpo deitado de lado,
a cama, os lençóis;
o cobertor lixando a pele o frio.
o calor do escroto saco sob as mãos entre as pernas coxas pêlos depois joelhos ossos e canelas e pés com frio com dedos duros nos pés com unhas arranhando riscando roxo de frio. e vento. o cobertor caído.
Olho....pálpebra.
Res-pi-ra-ção.
Olho grudado. Olho aberto de luz esvaída, longa e molhada.
Eu úmido entupido sinapse o ranho pigarro solto o ar e ele sai chiando fuinc da minha narina de cima. um motor acende debaixo do meu queixo. meus dedos apertam e fincam a palma da minha mão. a barba coça. a cabeça careca.
agora são dois Olhos. a luz vai encurtando, um zunido suspenso me faz pensar pela primeira vez onde eu estou....o criado mudo em madeira escura...a lâmpada de cabeceira com sua pequena haste dourada e a pantalha arredondada de tecido vermelho...o RayBan...a Bíblia aberta...um maço de cigarros......outra cama de madeira estendida com lençol amarelo e cobertor azul vazia...a mala aberta...as cuecas meias e toalha shampoo escova de dentes Colgate Gilette...a reprodução brilhosa da varanda deformada de uma casa rude com vista pro campo, moldura dourada barata, mural de estopa e serviço de quarto. que horas são? o spot duplo preto apagado, o teto diagonal quadrado, a transversal do armário embutido, portas escuras fechadas; a porta de entrada. paredes claras. Que horas são? ouço? isso é ar-condicionado?.... (parece que levei um tapão na orelha). tic-tac...outra onda de vento. minha boca trinca, áspera, a língua lixa por dentro no céu da boca, no dente, o cigarro Tártaro Bruxismo e Bafo.
lábios colados.
cadê o cobertor...? (porra!)
que horas são...? (Porra!)
que merda é essa?
(PORRA!)
O CORPO NÃO FALA.
[com Maurício O. Krebs]
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