18.7.06

cartograma#33 - mucosa

ENCONTRO

Os tecidos, aos poucos, desvelando o corpo nu ao meu lado.

A respiração sôfrega e calma, o toque sutil deslizando a palma em geografias desenhadas por arquitetos do perfeito.

As formas

cores

cheiros

gostos difusos na escuridão do ar.

Contornos realçados no satélite negro/alvo da noite.

A janela aberta...

Oxigênio. Hormônio. E Adrenalina...

Susurros baixos, inaudíveis por não precisarem de sentido.

Percebendo a sucessão das formas, a angústia dos fios...

Entrelaçados. Molhados. Secos. Quebradiços.

O peso liberado no paralelo dos braços, na lateralidade do claustro.

A espera intensa e despreocupada pelo momento, seu ápice.

Alongamento de vértebras, distensão de fibras, corrosão sentimento.

A entrada em vida: Movimento Retilíneo Uniformemente Curvilíneo.

Parcialmente subentendido. Totalmente executado...

Na cumplicidade sem fato da forma infinita de se fazer/ser intenso.

No cruzamento analítico da possibilidade remota sem ser coagido.

Cúmplice.

Díade.

Carnal.

A vida corre em passos ágeis, quentes, úmidos e...

Aconchegante, invasiva, pormenorizadamente nem sempre verdadeira.

Segue vazia e cheia, suja e vagabunda. Ingrata.

Sim, senhor... E vamos nós de novo.

mucosáridamentequente

cheiaudaz, saudações a você...

subitamenterelaxadormente

Mais uma noite assim e estaremos

No mesmo lugar.

SALDO

Últimos Lançamentos - Extrato Inexistente

ESPERA

E a dança dos dias toma as dores do parto.

A cadeira vazia contém as memórias do fato absurdo,

Significantemente ato fálico, onírico, sintomático.

Voando ao céu em asa de cera,

Sustentado no ar

frágil pela crendice na vida,

E presa ao passado como em um tubo preto, é vazia...

A essência interna do particular intrusivo...

Morto ou Preservado:

Se o mundo acabasse hoje

Que será que eu diria?

RESIGNAÇÃO

Há tempos não vejo o amor despreocupado...

Invasivo e perfeito, singular impossível.

Quando a teia de olhares cruza multidões sem visto,

A frieza do ser me guia a um ambiente longe e sozinho.

Isolado do canto, posto no centro das contradições, inibido.

A culpa surge quando o melhor de nós é preservado.

Faço-me frágil, vivo instintivo. Tradicional, racional e...

Obedientemente objetivo, óbvio omitido.

Se eu dissesse que te amo

O que pensarias?


- 1999, para Giu.

3 comentários:

Anônimo disse...

O desenho das letras.

Não são elas que as descobre em corpo nu, não é mesmo? Não é delas seu suor, nem são elas para quem diz que ama, não é mesmo?

Se isto que te escrevo estivesse à lápis, terias mais cuidado em apagar-me.
Mas num simples deletar você não deixará vestígios.

Adotei a 'mentira platônica', e tomei o espaço que não me cabia.
Afinal, há excesso de espaço.

Trata-se de uma outra janela aberta.

Engraçado que antes d"o" seu Cartograma, eu tinha a mesma janela porém o nome d"a" minha era Autópsia!!

Imagine o quanto nossos relevos subterrâneos se encontra(va)m.

Mas deletei, sem vestígios.

Me avise do violão.

Anônimo disse...

Violão.

Anônimo disse...

Pensaria que te amo também.
Desde antes, até depois.
:P